Editorial

Tradições desnecessárias

Não é porque algo é tradição que deve ser mantido. É assim nos negócios, na política e na vida em geral. E poucas tradições ainda mantidas nessa época do ano são tão estúpidas quanto a dos foguetes barulhentos. É o tipo de coisa que não agrega em nada especificamente. Pelo contrário, traz prejuízos a animais, crianças, idosos, autistas… Fica difícil entender como, após tantos pedidos e com essa informação tão gritante, que ainda assim, esses grupos já fiquem apreensivos numa data que deveria ser de alegria e festas.

A proibição já vem de anos em Pelotas. Ainda assim, quem ficou por aqui no Natal viu que na data, mesmo não sendo a de mais tradição de foguetes, viu que os estrondos de rojões e afins ecoava pelos bairros e pelo Centro. É o tipo de coisa que é bem difícil compreender. A beleza dos fogos nos céus é óbvia, mas para quem busca isso, já há opções bem mais silenciosas, que não geram incômodo em grupos específicos. Para o Ano Novo, os que sofrem com os estampidos viverão mais uma noite de inferno, pagando o preço para alguém ter um tacanho segundo de alegria com um barulho bem alto. É inacreditável.

Ao longo do ano, a sociedade luta - ou deveria lutar - bastante em prol desses grupos específicos. Os autistas principalmente, cada vez mais inseridos nos debates por suas necessidades e cada vez menos invisibilizados, porém, são esquecidos nessa época do ano. Um outro tema bastante comum é a causa animal. Não são raros os registros de animais que se debatem e até morrem durante o desespero causado por alguns minutos de foguetório. Além disso, a falta de compreensão por parte dos bichinhos faz com que os efeitos sejam sentidos por dias a vir. Mais uma vez, sofrimento em troca de segundos de um prazer meio inexplicável sentido por quem se diverte com um "boom".

Aos indignados, resta pressionar órgãos competentes para a fiscalização correta e firme de quem produz, vende ou compra esses objetos ilegais. Aos que sofrem, resta tentar tomar medidas para minimizar um pouco a dor. A página 3 da edição de hoje do DP traz dicas para ajudar ambos os grupos. E, se ainda der tempo de fazer pedidos levemente utópicos nessa época de desejos e vislumbres, tomara que sirva, também, para fazer alguém mudar de ideia quanto à vontade de fazer um barulho alto a troco de nada.


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